quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Como uma Eremita... em Mont Serrat!


Silêncios...
Acaso existirão silêncios bons e silêncios ruins? Suponho que sim.
O silêncio ritmado entre as notas musicais é um silêncio bom, como é bom o silêncio do mar aberto...Também é bom o silêncio d'uma tarde de sol, num parque apreciando o vôo livre das aves. O silêncio do abraço, do beijo...Ah! Esse talvez seja o mais expressivo de todos os silêncios... O beijo que cerra a discussão, o beijo que cala toda a angústia.
O silêncio da gaivota ao riscar o céu azul...Questiono: será que você foi capaz de ouvir o recado que ela lhe trazia: amo-a! Ou será que ela foi capaz de lhe transmitir tal recado? Eis um novo silêncio: o silencioso duvidoso.
E o silêncio do trovão? Observamos o raio, mas não ouvimos o trovão. Ah! Esse, com certeza não é um bom silêncio. Como diziam os antigos, se você ouvir o trovão, significa que o raio não o atingiu... De qualquer forma, será um silêncio pesaroso.
E o silêncio numa noite de chuva... Saber que chove e não ouvir a água correr é terrível... é quase como silenciar uma cachoeira! Ficamos com a sensação de que falta-nos o chão...
É a esse silêncio que me referi: querendo falar, calamos para não magoar, não ofender... E, sem que nos percebamos, machucamos mais. Machucamos a nos e ao outro.
É esse silencio, minha amada, que não desejo.O silêncio que fere, que cala na alma. O silêncio que confunde. Será um desafio ou um limite?
E as lições dos últimos fins de semana:
Falando, insinuar, ofender, provocar... Desentender-se através dos infinitivos e passivos, das suposições, da meias palavras... Revolvendo as verdades que temos como absolutas... Teria sido melhor o silêncio? E, silenciando, sofrer... Acabar-se, confundir-se...
Logo, a outra lição da mesma aula - querendo falar, não conseguir... Não ser possível falar, e, não falando, não ser possível ouvir. Não ouvir a voz que acalenta... E, novamente, silenciando, sofrer... Consumir-se...
Aprendizado difícil!
Reflito, e concluo que tudo tem muitos lados: o desejado e o merecido, o justo e o injusto, o explicável e o inusitado... Não desejávamos aquelas palavras, nem aqueles fatos, muito menos aqueles silêncios, mas merecemos. Precisamos aprender que não existem verdades absolutas, existem necessidades e possibilidades. A lição de desafiar o limite... O limite das nossas verdades. É isso que estamos aprendendo.
Como o amor... Como amar. Amar é muito mais fácil do que ser amado, sempre foi. Quando amamos queremos cuidar do outro, zelar por sua integridade. Mas não gostamos quando o outro cuida de nós. Põe em xeque a nossa independência, cerceia nossa autonomia... Expõe nossas fragilidades. Cuidar é muito melhor do que ser cuidado: nos dá a sensação de poder, de maturidade, competência...
Mas a lição recém aprendida nos mostra que tudo tem muitos lados, muitas verdades. As fragilidades podem ser a base do nosso vigor, a motivação para nos superarmos... Superar nossos limites.
Você escreve que é uma heresia dizer que está diante do desafio de se permitir ser amada por mim... Mas é um desafio, só que não é um desafio ruim... Difícil porém suave...
Fico com a sensação de que estamos aprendendo a lidar com o inusitado, tal qual esse nosso amor: inesperado.
Amo você, no silêncio da noite, na calada da madrugada, no barulho das manhãs, nas tardes de ruidosas de tempestade.
Esse amor que me permite ouvir, observar... Assistir ao espetáculo das emoções e do despertar de sentimentos...Leva-me a refletir sobre minhas verdades... O transcorrer dos fatos, todas as novidades... Amor ilimitado, porém recheado de limites!!!
Amor exclusivista sem ser egoísta. Amor distante, porém presente... Amor que se fortalece sem o recurso erótico... Amor com questões de relacionamento sem convivência. Amor suave e intenso, que se manifesta a partir da mais tola regra de sociabilidade: um toque de mãos, uma palavra... Intensifica-se, pois é amor, tão intenso quanto sua própria plenitude.
Não, não é magia. É só amor.

2 comentários:

  1. és uma poeta e não dizia nada? o primeiro capítulo do livro já está pronto! não precisas alterar nem as vírgulas! TEXTO MAGNÍFICO! adorei

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  2. Gostei das suas definições para os silêncios bons.

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