sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Pomares de Orypaba


Caminho, entre desolada e aliviada, pelos pomares de Orypaba. Não estou só, estou acompanhada de uma irmã, essas pessoas mágicas que Deus nos oferta para enfrentar a jornada da existência humana. Pena que poucos se apercebam disso.
Amigos são perolas que escolhemos, mas irmãos são dádivas que lapidamos!
Amores, são desafios que colorem a vida!
Porém, eu quero mesmo é falar do pomar, o curioso pomar.
Curioso por que não é um pomar qualquer, desses que tem uma cerca e uma área delimitada. Muito antes, trata-se de um pomar espalhado pelas alamedas de um condomínio... Entre uma casa e outra, pés de árvores frutíferas, quase que esquecidas por todos... E nos quintais, outras árvores, flores, gramados, enfeites...
Por um momento, é assim que me sinto. Uma árvore oferecendo seus frutos, mas que ninguém os deseja! Com certeza, cairão de maduros e apodrecerão, tornando-se adubo para novas árvores.
Não pense que estou triste, ou que a depressão apossou-se de mim. Não! Muito antes, sinto-me aliviada ao perceber que nem um fruto se desperdiça. Se não saboreados, tornam-se adubo para que outros germinem, e eis aí o espetáculo da natureza!
Nós, na nossa vã ignorância, acreditamos que o que não é apreciado é desperdiçado, mas nos esquecemos que não há nada que se faça sem uma base, nada!
A questão é que dificilmente valorizamos o que nos dá sustentação.
Algumas vezes, nos sentimos tão onipresentes, tão auto suficientes que acreditamos mesmo que somos o que queremos ser, e que não precisamos de base alguma para nada!
Detenho-me no pé de caqui, ao lado do pé de carambola, entre cobertos pelo pé de nozes pekan. Todos estão com frutos! Todos são verdes, e é quase difícil distinguir um do outro e encontrar os frutos pequeninos... Em pouco tempo, o colorido dessas frutas ofertar-nos-á um visual esplendido, multi colorido e multi saboroso! Muitos frutos cairão, e serão alimentos para os lagartos e outros animais do mato. Outros, serão alimento para as aves e alguns, apenas alguns, serão saboreados pelo ser humano.
E, ao mesmo tempo em que essa realidade parece triste, é a expressão máxima da perfeição divina.
Um pouco mais adiante, um pé de figo da índia, todo espinhoso, mas ainda sim, acompanhado e com o mesmo destino de todas as outras frutas...
E o que é mais – não estão sozinhos, embora pareçam estar. Cada qual está na seu pedaço, cumprindo sua sina, tão únicos e tão próximos...
E o pé de araçá, cujos frutos lembram goiabas anãs! Que dizer deles? São frutos únicos, exclusivos, e, embora se pareçam, muito pouco tem em comum.
Acaso, será menos valoroso do que a goiabeira? Será o tamanho que determina o valor? Será o sabor que determina a paixão? Será a semelhança que determina o companheirismo?
Não sei, e nem sei se realmente importa saber, o que eu sei é que gosto tanto de goiabas, quanto de araçás.... quanto de irmãs, amigos e de amores!

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