sábado, 31 de janeiro de 2009

Uma paixão...










Como é triste quando acaba o amor...
E sim acontece de repente, e a gente quase que não percebe...
De repente, não se faz mais amor... faz-se sexo. E a diferença é tão sutil – não se sussurra mais o nome do amado durante a troca de carícias... E, ainda assim, com dificuldade para se atingir o orgasmo, a gente insiste, como se alguma coisa nos dissesse o que não queremos ouvir – esse amor acabou!
E, no dia seguinte, quando acordamos, e a primeira coisa que vemos é a pessoa ao nosso lado, já não sorrimos... Levantamos e tocamos o dia. E então, a pessoa sai, para fazer qualquer coisa, damos um beijo - sem saber direito o que queremos: ficar ou partir... - , e logo nos entretemos com outra coisa qualquer...Procuramos outras pessoas, quiçá, outros amores...


E, a medida que a gente vai percebendo que o amor está acabando, procuramos os motivos disso, e, tudo o que antes era bom, passa a ser indiferente. A gente se arma, se preveni, não há mais leveza... Porém, ainda assim, ansiamos pelos próximos encontro. Será um último suspiro, uma nova tentativa de ressuscitar esse amor?!?...
Antes, era gostoso sentar lado a lado, num meio abraço assim disfarçado... Agora, queremos espaço, porém, a mão procura o outro... Como que num movimento inútil de ressuscitação. Mais um e mais outro... E por que não desistmos de uma vez? Por que ficamos assim, como num luto interminavel...

Talvez, por que sintamos a falta da companhia, da voz, do olhar... Mas, basta estar junto para que nada disso tenha importância, para que a companhia do outro seja apenas um não estar só.
É, é assim que acontece, tão de repente, tão silenciosamente... Sim, pode ser que a convivência, com todas as suas dificuldades e desafios, tenha levado a isso. Pode ser que a gente não se perceba do quanto a gente provocou isso e acreditamos que o outro e o responsável. Mas isso não é verdade. Ambos são responsáveis, ambos criaram isso.
E é diferente – creio que é possível amar sem se aprisionar. É possível seguir juntos na jornada da vida, mesmo que a convivência já não seja tolerável, e os encontros sejam mais casuais e o amor continua existindo... Mas, se se insiste na convivência e o amor já não existe mais, o que há senão consideração e amizade? Talvez, haja tesão... Mas mesmo ele já não será a mesma coisa de outrora...
Oh, quem sabe confundimos paixão com amor... É bem possível, visto a intensidade com a qual nos dedicamos, visto a volúpia e o ciúmes... Então, é bem mais difícil reconhecer que o amor acabou, ele nunca existiu! O que existiu foi a paixão.

E a paixão é assim – chega, sem aviso prévio, com uma intensidade avassaladora... E se vai, com a mesma rapidez...
Não posso dizer que já não a amo, começo a reconhecer que nunca a amei.

Fostes uma paixão.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Pomares de Orypaba


Caminho, entre desolada e aliviada, pelos pomares de Orypaba. Não estou só, estou acompanhada de uma irmã, essas pessoas mágicas que Deus nos oferta para enfrentar a jornada da existência humana. Pena que poucos se apercebam disso.
Amigos são perolas que escolhemos, mas irmãos são dádivas que lapidamos!
Amores, são desafios que colorem a vida!
Porém, eu quero mesmo é falar do pomar, o curioso pomar.
Curioso por que não é um pomar qualquer, desses que tem uma cerca e uma área delimitada. Muito antes, trata-se de um pomar espalhado pelas alamedas de um condomínio... Entre uma casa e outra, pés de árvores frutíferas, quase que esquecidas por todos... E nos quintais, outras árvores, flores, gramados, enfeites...
Por um momento, é assim que me sinto. Uma árvore oferecendo seus frutos, mas que ninguém os deseja! Com certeza, cairão de maduros e apodrecerão, tornando-se adubo para novas árvores.
Não pense que estou triste, ou que a depressão apossou-se de mim. Não! Muito antes, sinto-me aliviada ao perceber que nem um fruto se desperdiça. Se não saboreados, tornam-se adubo para que outros germinem, e eis aí o espetáculo da natureza!
Nós, na nossa vã ignorância, acreditamos que o que não é apreciado é desperdiçado, mas nos esquecemos que não há nada que se faça sem uma base, nada!
A questão é que dificilmente valorizamos o que nos dá sustentação.
Algumas vezes, nos sentimos tão onipresentes, tão auto suficientes que acreditamos mesmo que somos o que queremos ser, e que não precisamos de base alguma para nada!
Detenho-me no pé de caqui, ao lado do pé de carambola, entre cobertos pelo pé de nozes pekan. Todos estão com frutos! Todos são verdes, e é quase difícil distinguir um do outro e encontrar os frutos pequeninos... Em pouco tempo, o colorido dessas frutas ofertar-nos-á um visual esplendido, multi colorido e multi saboroso! Muitos frutos cairão, e serão alimentos para os lagartos e outros animais do mato. Outros, serão alimento para as aves e alguns, apenas alguns, serão saboreados pelo ser humano.
E, ao mesmo tempo em que essa realidade parece triste, é a expressão máxima da perfeição divina.
Um pouco mais adiante, um pé de figo da índia, todo espinhoso, mas ainda sim, acompanhado e com o mesmo destino de todas as outras frutas...
E o que é mais – não estão sozinhos, embora pareçam estar. Cada qual está na seu pedaço, cumprindo sua sina, tão únicos e tão próximos...
E o pé de araçá, cujos frutos lembram goiabas anãs! Que dizer deles? São frutos únicos, exclusivos, e, embora se pareçam, muito pouco tem em comum.
Acaso, será menos valoroso do que a goiabeira? Será o tamanho que determina o valor? Será o sabor que determina a paixão? Será a semelhança que determina o companheirismo?
Não sei, e nem sei se realmente importa saber, o que eu sei é que gosto tanto de goiabas, quanto de araçás.... quanto de irmãs, amigos e de amores!

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Salve Miguel!


Pois então...
Há quem diga que sim,
Há quem diga que não...
Que sei eu? Só sei que é assim.

Sinto-me vencida, finalmente vencida
O que é diferente de sentir-se derrotada
Ou de desistir.
Não, eu não desisti,
Muito menos me rendi...
Apenas compreendi
Que essa batalha eu perdi.

Ainda existo
E seguirei existindo
Apenas, quiçá, sonharei outros sonhos.

Eu que sempre afirmei
Silenciar é o pior que alguém pode fazer
Eu que sempre acreditei
Ninguém é só, nem poderá ser...

Vejo-me obrigada a reconhecer
Eu estava errada.
Há que silenciar
Há que seguir só

Eu não desisti,
Apenas compreendi

Que sempre haverá um amanhã
Sempre houve um ontem...
Os caminhos, as trilhas, as jornadas
Ah!!! Estão todas aí, basta escolher e seguir.
E ainda que se acredite no sonho
Ainda que seja possível sonhar
É um sonho que se sonha
Nada mais.

Agradeço a meus avôs, que se amaram e se deitaram
E fizeram meu pai... Que amou e se deitou com minha mãe,
Fruto de um amor que também se deitou...
Eu amei, eu me deitei... Porém nada fiz, além do que já tenho feito...
Sigo a jornada que me cabe, sigo assim...

La Mar - Barcelona


ESCUTA DE PERTENCIMENTO


Quem pertence a quem......O que pertence a quem..... Quem pertence ao quê....

Pense na gaivota.
Acaso pertencerá ela ao mar?

Sempre as vemos próximos as praias, em seu vôo leve sobre a orla. Buscando seu alimento nas águas do mar.... num mergulho certeiro, por vezes rasos, outras vezes profundos.....
Mas, se molham as asas, têm dificuldade em alçar vôo... correm o risco de afogar-se.....

Quando cansadas, caminham pela areia.... Aguardam, então, que a brisa torne-se, novamente, quente para que consigam voar..... tomam impulso e lá se vão.... por sobre as ondas. E se o clima esfria, se vem a chuva ou mesmo o sereno, confinadas estão a ficar na areia.....

É... as gaivotas pertencem ao mar. Esse gigante, poderoso.... sem o mar, as gaivotas não sobreviveriam....

Mas gaivotas não são peixes... e podem sobreviver sem o mar. Podem buscar seu alimento nas areias, nas sementes das árvores.... em pequenos insetos voadores.... Têm o céu inteiro para voar.... sempre haverá uma brisa quente que lhe lance o vôo.

Poderá, então, o mar sobreviver sem as gaivotas???

Talvez possa, o mar sempre será o mar....Sempre estará lá.... por vezes nos ameaçando com seus tsunamis e ondas gigantes.... Por vezes, instigando-nos em suas calmarias....

Mas, e se todas as gaivotas, todas mesmo, resolvessem que não comeriam o plâncton do mar.... que não mais o sobrevoariam.... o que haveria de ser do mar?

Seria só mar.... sem gaivotas, sem a beleza que elas lhe proporcionam.... sem a sua completude.....

Seria somente o poder.... em seu exercício mais pleno.... todavia, sem o prazer que estas pequenas criaturas proporcionam ao imenso mar.... poder sem prazer...

Afinal, quem pertence a quem.....

Será que o mar pertence as gaivotas, ou as gaivotas pertencem ao mar....

Ao será que simplesmente, se completam e geram o espetáculo do encontro....

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

AMOR...


É muito agradável "amar" o belo, o fácil, o tranqüilo.... Melhor ainda, se nesse "amor" tiver um bom sexo.
Mas, e amar o difícil, o inusitado, o feio? Isso é difícil....
Se o amor não pude - pelo menos - ouvir o desabafo não é amor.Se não for capaz de compreender as fraquezas do outro, não é amor.Se não houver partilha das dificuldades, não é amor.
Pode ser amizade, pode ser tesão, mas jamais será amor.
Se um é capaz de permitir que o outro carregue todo o peso do enfrentamento das dificuldades sozinho, nem amizade é.
Se um não é capaz de confiar no outro para dividir a carga, nem amizade existe.
Se um sente-se só... Não há por quê existir o outro. E não há amor singular.O que existem são amores ímpares, daqueles que só vivenciamos de vez em quando... E, via de regra, desperdiçamos por medo.
Se queremos poupar o outro, então, não há amor. Há piedade. Pode ser por julgar o outro frágil, ou por medo do outro nos julgar frágil. Pode ser para nos escondermos do outro... e, ao nos escondermos, perdemos o outro.
Se, por contingências, precisamos negar certas coisas, podemos compreender que essa negação é uma forma de preservação do amor, jamais a destruição do mesmo.
Para mim, amor é isso.
Podemos combinar muitas coisas, mas jamais peça-me para combinar a omissão, a não escuta, a não partilha, o faz de conta que está tudo bem.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Alhambra

Mil anos de História!
Dois mil anos!!!
Três mil anos!!!
Alhambra é simplesmente deslumbrante!

Mouros, espanhóis, franceses, arabés....
Cristãos, pagãos, que importa!

Num mesmo espaço, obras fenomenais da humanidade.
Os detalhes da marceteria, os requintes em cada parede, o colorido dos jardins, os carramanchões!
Tudo tão belo, tão magnifico!

A Arena ao centro, ao lado do palácio Nazirie, ao do palácio de Carlos...
Tudo convive em plena harmonia!
E, para além das belas construções, no quase além muros, dividido por um fosso hoje seco, o sino!
Sim, um sino que foi simbolo de poder, de submissão...
A história conta-nos quantas vezes o sino foi, o sino veio....
Já não badala mais, porém lá está.

E aos seus pés, nada mais, nada menos, do que uma bela cidade, encravada nas colinas!!!
Como é bela a vista!

Mas - e sempre tem um mas! - não se engane.
Não olhe para trás,
pois lá estarão as ruínas - quase intocadas - das masmorras
Os cárceres de todos aqueles que não concordaram com os ideias da vez.
De todos aqueles que ousaram se manifestar
Que ousaram defender suas idéias.

Criminosos é como foram tratados,
Embora - talvez - apenas exercitassem sua autonomia,
apenas explicitassem suas verdades, suas vontades!
E punição foi o que lhes coube... Ousar viver, ousar ser...

Pois bem, que o façam, se assim o desejam, porém que o façam sob o solo, em corredoers estreitos, úmidos, fedidos!
Sem a luz ou o calor do sol, mas com a chuva a escorrer pelas paredes!

Três mil anos!
Três séculos!
E tudo o que mudou, foi a qualidade das prisões
destinadas a quem ousa defender suas crenças!
A quem ousar manifestar seus ideais!

Tarragona!

Ave Cesar!



Julio Cesar, o magnanino, andou por estas terras...
Adriano esteve aqui também.

E eu!

O visual, algo espetacular.

Mas a Arena - é necessário viajar no tempo - esse gigante absoluto, testemunha ocular das existências - e tentar imaginar as feras bestiais guerriando até a morte!

As feras - seres humanos... lutando para sobreviver,na arena, como num circo, com os poderosos zombando das suas insignificâncias...

Ah! Mas tudo isso é história!

A violência gratuita, motivada pela sobrevivência é história...

Podemos caminhar tranquilamente por qualquer rua sem temor!


Nossos bandidos não lutam pela sobrevivência! Vagabundos é o que são, pois não querem trabalhar!!!

No fim, apenas gargalhar... é tudo o que nos resta fazer.

Como uma Eremita... em Mont Serrat!


Silêncios...
Acaso existirão silêncios bons e silêncios ruins? Suponho que sim.
O silêncio ritmado entre as notas musicais é um silêncio bom, como é bom o silêncio do mar aberto...Também é bom o silêncio d'uma tarde de sol, num parque apreciando o vôo livre das aves. O silêncio do abraço, do beijo...Ah! Esse talvez seja o mais expressivo de todos os silêncios... O beijo que cerra a discussão, o beijo que cala toda a angústia.
O silêncio da gaivota ao riscar o céu azul...Questiono: será que você foi capaz de ouvir o recado que ela lhe trazia: amo-a! Ou será que ela foi capaz de lhe transmitir tal recado? Eis um novo silêncio: o silencioso duvidoso.
E o silêncio do trovão? Observamos o raio, mas não ouvimos o trovão. Ah! Esse, com certeza não é um bom silêncio. Como diziam os antigos, se você ouvir o trovão, significa que o raio não o atingiu... De qualquer forma, será um silêncio pesaroso.
E o silêncio numa noite de chuva... Saber que chove e não ouvir a água correr é terrível... é quase como silenciar uma cachoeira! Ficamos com a sensação de que falta-nos o chão...
É a esse silêncio que me referi: querendo falar, calamos para não magoar, não ofender... E, sem que nos percebamos, machucamos mais. Machucamos a nos e ao outro.
É esse silencio, minha amada, que não desejo.O silêncio que fere, que cala na alma. O silêncio que confunde. Será um desafio ou um limite?
E as lições dos últimos fins de semana:
Falando, insinuar, ofender, provocar... Desentender-se através dos infinitivos e passivos, das suposições, da meias palavras... Revolvendo as verdades que temos como absolutas... Teria sido melhor o silêncio? E, silenciando, sofrer... Acabar-se, confundir-se...
Logo, a outra lição da mesma aula - querendo falar, não conseguir... Não ser possível falar, e, não falando, não ser possível ouvir. Não ouvir a voz que acalenta... E, novamente, silenciando, sofrer... Consumir-se...
Aprendizado difícil!
Reflito, e concluo que tudo tem muitos lados: o desejado e o merecido, o justo e o injusto, o explicável e o inusitado... Não desejávamos aquelas palavras, nem aqueles fatos, muito menos aqueles silêncios, mas merecemos. Precisamos aprender que não existem verdades absolutas, existem necessidades e possibilidades. A lição de desafiar o limite... O limite das nossas verdades. É isso que estamos aprendendo.
Como o amor... Como amar. Amar é muito mais fácil do que ser amado, sempre foi. Quando amamos queremos cuidar do outro, zelar por sua integridade. Mas não gostamos quando o outro cuida de nós. Põe em xeque a nossa independência, cerceia nossa autonomia... Expõe nossas fragilidades. Cuidar é muito melhor do que ser cuidado: nos dá a sensação de poder, de maturidade, competência...
Mas a lição recém aprendida nos mostra que tudo tem muitos lados, muitas verdades. As fragilidades podem ser a base do nosso vigor, a motivação para nos superarmos... Superar nossos limites.
Você escreve que é uma heresia dizer que está diante do desafio de se permitir ser amada por mim... Mas é um desafio, só que não é um desafio ruim... Difícil porém suave...
Fico com a sensação de que estamos aprendendo a lidar com o inusitado, tal qual esse nosso amor: inesperado.
Amo você, no silêncio da noite, na calada da madrugada, no barulho das manhãs, nas tardes de ruidosas de tempestade.
Esse amor que me permite ouvir, observar... Assistir ao espetáculo das emoções e do despertar de sentimentos...Leva-me a refletir sobre minhas verdades... O transcorrer dos fatos, todas as novidades... Amor ilimitado, porém recheado de limites!!!
Amor exclusivista sem ser egoísta. Amor distante, porém presente... Amor que se fortalece sem o recurso erótico... Amor com questões de relacionamento sem convivência. Amor suave e intenso, que se manifesta a partir da mais tola regra de sociabilidade: um toque de mãos, uma palavra... Intensifica-se, pois é amor, tão intenso quanto sua própria plenitude.
Não, não é magia. É só amor.

Mont Serrat



Imagine uma montanha, bem alta, alta mesmo. E, no meio dela, quase em seu cume, uma Abadia.
Imagine essa Abadia envolta nas nuvens... Ah, as nuvens!
Possuem uma umidade própria, um divino suor, eu diria, porém, não escorrem pelo corpo.
Você os sente, eles estão lá, é como se fossemos peixes!
Mais acima, bem no cume da montanha, as "cavernas": escavações não muito profundas aonde os eremitas se abrigavam das alterações climáticas e meditam!
Si, não há como não meditar!
Você olha e por mais distante que você possa enxergar, o que se vê são matas, muito verdes, montes e... parece o mar!
Impossível não pensar, não refletir.
Esse lugar merece ser visitado!
É na Espanha, bem próximo a Barcelona.