quarta-feira, 29 de abril de 2009

O poeta!


"Fiz o que quis e fiz com paixão.
Se a paixão estava errada, paciência.
Não fiquei vendo a vida passar,
sempre acompanhei o desfile."
(Mario Lago)


Leio o poema e reflito sobre a minha existência.

Quantas jornadas, quantas escolhas,
Quantos erros, quantos acertos...

Mas é assim a vida -
uma via de mão dupla.
Não reclamo do passado, muito antes, creio que vivi emoções fortes, vi muitas coisas, aprendi algumas outras...
Oscilei entre os extremos da paixão!
E perdi o juizo..
Aprendi, então, mais uma lição, e, quiçá, a mais importante delas:
Nem todo amor nasce de uma paixão,
porém, as paixões minam as possibilidades do amor!
Duro aprendizado.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Oi Vandinha... Que carinho gostoso!


Em Vida há tempo...!

Não se esqueça que suas mão estão livres, seus olhos podem ver, liberte-se e siga seu trajeto.

Continue fazendo o bem, procure a paz, pegue da lua um brilho e solte seu coração para o espaço. Deixe que ele encontre o seu ideal que fará de você um novo ser.

Continue essa pessoa humana, não submissa, mas uma mulher, uma personalidade, humilde, uma heroína para sí mesma.Não procure o egoísmo, pense em todos e não se menospreze.

Viva na realidade... na sua realidade!!!
somente para ter um sonho... o seu sonho!!!
Graça.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Parto...

Parto.... Retomo a minha jornada, e vou só.
Vou comigo, aonde quer que meus passos me levem. E nem importa aonde quer que eu chegue.

Outros portos,
Outros mares
Outros amores!

Os portos em que estive até aqui, não me bastaram...
Quem sabe se algum dia, algum porto me bastará!

Eu temo que nenhum porto me seja seguro o bastante
Para me deter, para segurar os meus passos errantes.

Eu poderia descrever a sensação de sentir-se só
Mas isso não refletiria a verdade desse momento.
Não estou e nem sou só,
Embora eu seja só uma, com minhas crenças e minhas verdades.

Poderia falar das desiluções,
do tempo perdido,
dos amores esquecidos!

Eu poderia falar do amor que tive ou do amor que depus aos pés da amada....
Poderia falar das queixas – ouvidas e vividas.
Poderia discorrer sobre os acertos e os erros...
Mas não quero e não o farei.

Poderia falar do tempo perdido,
dos esforços empreendidos
de toda a dedicação...
Que recebi e nem agradeci!
Ah, eu poderia sim. Mas não o farei.

Posso falar da aventura de estar viva e de perceber o mundo aos meus pés.
Posso falar das maravilhas que eu procurarei doravante
E, quiçá, as encontrarei...

Posso falar de muitas coisas, até mesmo da dor que sinto agora,
Mas isso não seria nada e nem aplacaria a minha dor.

Não! Falarei a esmo, assim, como faço agora
Faço da minha vida uma aventura errante e
Nunca mais, eu me permitirei entregar meu amor a quem quer que seja.
Ele já está entregue!

Porém, é meu desejo viver assim – cada dia num porto,
Cada dia um único dia, cada dia um novo amor!
Cada história só mais uma história...

Que cada momento seja único
E que meu amor não encontre nunca mais a mulher amada.
Que não mais exista a mulher desejada
E, se houver, que dela eu me distancie...

Que eu me perca em mim,
Sem jamais me dar conta
Das ilusões que vivi!

E, quem quiser, que siga os meus passos,
Porém, não esperem me encontrar...
Nem eu sei qual caminho seguir!
Se é que seguirei algum...

Parto,
Sigo os meus passos aonde quer que eles me levem.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Fazer pão

Acaso existirá coisa mais aconchegante do que, num sábado a tarde, abrir uma massa de pão, deixá-la bem fininha, recheá-la com bastante presunto, queijo, tomate, orégano... Esperar para assar e, então, comê-la bem quentinha, com um café fresco?

E se, além disso, existir o abraço, o beijo apaixonado, a conversa descontraída... Dificilmente haverá algo melhor do que isso.

Aliás, o abraço é meu sinal favorito de afeição. Ele pode significar tanto, e tantas coisas ao mesmo tempo. Pode significar um sinal de amor, de amizade, de conforto ou tudo junto!

Agora, imagine essa cena em um período atribulado, com prazos se esgotando, com problemas batendo a porta... com a vida adulta acontecendo.

Lembrei desse sábado com carinho, e, em função do que tem acontecido nos últimos dias, pergunto-me por que valorizamos mais os momentos duros. Por que será que os momentos árduos e sofridos se sobrepõem aos agradáveis?

Será que sou eu? Que isso só acontece comigo? Ou será fruto da nossa formação cristã? Será por que os problemas são tão dificéis... Não sei.

O que eu sei é que eu vivi tantas coisas maravilhosas, boas mesmo, e que não as partilhei como eu fiz com as coisas difíceis e penosas...

Ontem, quando eu comentei sobre esse sábado, o interlocutor me olhou perplexo e comentou – “mas você me falou sobre esse sábado... Não estou entendendo!”

Penso que agora eu sei o que eu não estou entendendo, o que está me transtornado tanto – eu me propus a uma “tarefa” que era muito mais difícil do que eu supunha. Eu acreditei que seria forte o bastante para levar a termo a tal “tarefa”.

Foi um aprendizado difícil, bom, enriquecedor. Sobretudo por que eu começo a avaliar o que eu desejo –
quero liberdade, mas a quero com aconchego, com referenciais...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Tia Mira.


Acordei em primeiro de abril de 2.009 com o telefone tocando:

- Alô.
- Tia Mira descansou...
- , vai-t a merda! Isso não é brincadeira que se faça.
- Não é mesmo.

Emudeci. Depois de alguns segundos de silêncio, retomamos a conversa usual dessas ocasiões.
Desliguei o telefone, recostei-me na cama e assisti a um filme da minha vida: algumas conversas, muitas gargalhadas, o apoio e o carinho irrestritos, as repreensões. O amor verdadeiro.

Todos morrerão um dia, isso é certo. Dizem que para morrer, basta estar vivo. Minha tia tinha uma opinião diferente – para morrer é preciso ter vivido. A questão é como morreremos. Segundo a minha tia, como você morrerá depende de como você viveu. Eu constato a força e veracidade dessa afirmação: ela morreu exatamente como viveu – tranqüila, sem alarde, sem incomodar ninguém, sem dar trabalho algum. Morreu e só. Parece que foi mais uma das suas decisões... “87 é um bom número, já pensou no 88? Duas vezes o infinito!!!”

Tantas conversas havidas em meio a jogos de cartas e bolinhos de arroz. Café com rosca de coco, frango com polenta... Natal, páscoa, aniversários... Eu sempre a visitava, mas as vezes, em função dos atropelos da vida, eu apenas telefonava: – “Olá, estou com saudades. Tudo bem? A resposta era invariável – tudo ótimo! Quando você aparece?”

Nas minhas dúvidas, eu a procurava. Eu costumava apoiar-me no muro da casa, observar em silêncio o movimento da cidade, acender mais um cigarro e entrar naquele mundo mágico, onde tudo é possível, onde a maldade nunca teve asilo, onde a ganância não encontrou porto, onde os desejos não se confrontam com erros e acertos – são só experiências a viver!
E era sempre assim. Eu chegava de qualquer jeito – alegre, triste, confusa, decidida e ela sempre me acolhia, me animava, me apoiava ou me repreendia. Sempre fazia da minha lágrima um sorriso, da minha dúvida, uma certeza.

Em 2.007, quando eu decidi que mudaria o rumo da minha vida, claro que fui ter com ela. Contei-lhe das minhas angústias e insatisfações, da minha sensação de inutilidade – eu havia me desesperançado e já não sonhava, nem ousava mais... Ela me ouviu com atenção, sorriu e disse – Vá em frente! O que mais pode lhe acontecer? Se é assim, você já morreu mesmo, que diferença fará tentar?!”
Quando eu decidi ir a Europa, e todos e tudo estavam contra a minha decisão, fui ter com ela. Nesse dia, eu a chamei de , pela primeira e única vez em toda a minha vida. Nas conversas seguintes, quando eu contava dos preparativos e das dificuldades, ela sorria – ah, mas não tem graça uma vida sem obstáculos. Poucos dias antes do embarque, fui despedir-me... Ela me deu um dinheiro e disse – “coma o doce mais doce e pense em mim!”. O tal doce foi uma compota de maça em Barcelona. Não tão doce, porém com um sabor bem conhecido – o sabor da geleia de maça da Tia Mira.

Meses depois, voltei a Europa, não sem antes visitá-la. “Se for a Paris, vá a Rua Lille e depois me conte se a casa do livreiro é mesmo como a descreveu Balzac. Você sabe que essa rua fica do outro lado do Sena, na direção do Louvre.” E lá fui eu, escolhi procurar a rua a visitar o famoso museu. Eu sei que foi a melhor escolha, pois na volta, o entusiasmo e a alegria dela ao ouvir a minha descrição da tal casa, da tal rua... A recitação das frases de Balzac sem compromisso algum com a fidelidade ao que ele realmente escreveu, aliás, seria mesmo Grandet o nome do livreiro? O museu sempre estará lá, posso visitá-lo a qualquer tempo... Porém conversa dessas nunca mais ocorrerá...

E isso é o importante. Eu acredito que isso sim dá sentido à vida, às relações. Essa troca tão única, tão suave. Escolher fazer o "gosto" de quem se ama ao que o mundo padronizou como correto...Isso sim é viver: - sonhar, ousar, evoluir!

De fato, foram nesses encontros todos que eu fui me formando. Foi ela quem me ensinou que uma pessoa é só uma pessoa, que fará as coisas que ela acredita serem as mais corretas e que talvez, e só talvez, o tempo mostre que não tão certas assim. Ela me ensinou a perseguir os sonhos e a respeitar as pessoas – cada um tem sua sina. Se não puder ajude, não atrapalhe. Não interfira, mas faça sempre o que o seu coração ordenar, mesmo que a razão lhe diga que é errado; não se importe com a opinião alheia, siga seu coração e você será sempre feliz.
"A razão é fruto do que aprendemos, o amor não - é só que sentimos no âmago da alma!"

Não importa o que quer que construamos na vida, o que realmente importa são os ensinamentos e os exemplos que deixamos. Todo o resto, não é nada. E é por conta de tudo isso que eu não gosto de conjugar o verbo "voltar".

É certo que choverá no enterro. Segundo ela, essa chuva é a expressão da alegria de Deus em ter de volta, ao seu lado, quem ele tanto ama. E eu Lhe agradeço por ter me permitido desfrutar da companhia e da sabedoria dessa pessoa tão maravilhosa.