Brincadeiras...
Sonhos...
Saudades...
Seriedades.
Curioso como a maioria das nossas realizações se iniciam:
Um papo com amigos, uma prosa sem rima
Uma saudade... um pesar...
Ou, simplesmente, uma pergunta:
"O que que eu faço com isso???"
o Backyart nasceu de tudo isso.
Após o falecimento do meu pai, doamos quase tudo, mas sobraram algumas coisas, entre elas ferramentas... e naturalmente, não as melhores e muito menos as mais modernas. Sobraram aquelas ferramentas seculares, que quase ninguém sabe manusear.
Restou a lembrança, tanto da infãncia, quanto da idade adulta: no quintal de casa, sempre algo a fazer, sempre alguma visita pedindo algum conserto, reparo ou mesmo uma peça especial. Mas, e sempre tem um mas, muito melhor do que atender a solicitação, eram as conversas, as prosas, o relax!
De repente, parei para pensar na vida, em como cheguei ate aqui... e como será doravante. Eu não sei, não tenho como saber! Mas, eu posso guiar os meus passos, posso tentar conduzir a minha vida para onde eu quero chegar. Eu so não sei que lugar é esse!
Dias depois, percebi que aonde eu quero chegar não é um lugar especifico, mas sim em uma situação especifica. Daí, sinto a envelhescencia: na Gerontologia Social afirmamos que não é a morte que aflige o idoso, mas sim a condição da morte... E é exatamente isso: como eu quero atingir a minha finitude. E não pensem que isso é depressão, muito antes, isso é razão!
Com esses pensamentos, eu percebi que eu desejo chegar na finitude como meu pai, como minha tia Miranda: ocupada com coisas que me fazem bem, recebendo visitas ocasionais de pessoas queridas, servindo um café, uma cachaça, tranquila, capaz de ouvir o outro e fazê-lo sorrir. Contando e ouvindo histórias, como fazia minha mãe, minha avó, muitos dos meus tios... E, ao mesmo tempo, como eles fizeram antes de mim, produzir alguma coisa, porém, sem a obrigação do fazer. Eu quero produzir o que me dê prazer, o que me faça feliz, e que, ao mesmo tempo, colabore com o outro.
Conversando com os muitos amigos, mas com uma em especial - Marta Lowenstein - a prosa começou a ganhar vida. Falavámos dos "quintais" da nossa infância... Dessa coisa gostosa e já tão rara das pessoas proseando enquanto cozinham, costuram, restauram... Falavámos de arte, em suas muitas formas... Falavámos de marcenaria, de brinquedos feitos com pedaços de pau, retalhos de pano, criatividade... Falavámos do delicioso tempo livre, que não era ocioso, mas laboroso.
E falavámos da função - das muitas funções que temos na vida, e em todos os seus dominios.
O nome nasceu assim: Backyart - de backyard, mas aquele da nossa infãncia, aquele em que as artes eram marca constante.
Em seguida, o primeiro espaço, o aluguel da garagem da prima Elenice Negri... Lá, além da marcenaria tomar corpo, surge a "Bodega das Tia Avós"... bodeguita, com cerveja gelada e algum tiragosto.
Ao mesmo tempo, o apoio incondicional da amiga Nadia Guardini. Depois, a coragem da amiga Miriana Pavicic - tenho uma comoda, será que tem jeito? E teve! E tantos outros amigos e amigas que apoiam e curtem a proposta!
E o espaço ficou pequeno!
Por esse motivo, o Backyart Função está de mudança. E eu também!
A brincadeira, o passatempo, o desejo passa a ser uma realização.
Eu não sei se chegarei aonde quero, e nem sei se isso é realmente importante. O que eu sei, e isso sim me importa é que estou caminhando no sentido do que eu desejo - chegar na maturidade com a certeza da "utilidade" perante a vida, da companhia tão cara dos amigos queridos. Da certeza de que sonho sem ação é ilusão, mas juntos é realização!
Muito obrigada a tod@s que ousam sonhar!
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